Criado em 2013 com o intuito de atender municípios do interior e regiões periféricas de difícil acesso, o Mais Médicos é um programa do Governo Federal, coordenado em Sergipe pela Secretaria de Estado da Saúde (SES). Com o apoio da administração estadual, o Mais Médicos leva profissionais especializados para populações vulneráveis, que antes não tinham acesso a serviços de saúde. Conforme recomendação do Ministério da Saúde (MS), uma equipe atende até quatro mil pessoas, o que significa que em Sergipe são assistidas 936 mil pessoas.
Em regiões remotas, como a Comunidade Quilombola do Bairro Porto d’Areia, em Estância, na região sul do estado, pessoas mais carentes passaram a contar com assistência graças ao intermédio do Estado. “Trabalho 32 horas por semana na unidade e atendo cerca de quatro mil pessoas cadastradas. Uma média de 22 por dia”, disse Tathiana de Castro, médica graduada pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), que atua no sul sergipano desde dezembro de 2018. “Possuo especialização fornecida pelo Mais Médicos em Medicinas de Família e Comunidade e atuo em Estância há cinco anos”, completou.
Lucas Tadeu também é médico da família e trabalha há seis anos em Cristinápolis, também sul sergipano. Ele está vinculado ao perfil sete do programa, que é caracterizado pelo MS como de população em extrema pobreza. Lucas revelou que faz uma média de 25 atendimentos por dia, por meio de uma equipe volante, o que possibilita a abrangência de vários povoados. “É um programa de suma importância para o nosso município, principalmente para essa população, que é muito carente! É um atendimento de difícil acesso e por isso muitos médicos não se interessam. Fazemos um trabalho de acompanhamento de doenças como hipertensão, diabetes, além da prevenção e promoção à saúde, que é a nossa função como atenção primária”.
Em sua experiência com o programa, Lucas Tadeu percebeu a relevância da mobilidade para a população assistida. O médico notou que o atendimento volante possibilita a promoção de palestras, incentivos e cuidados contínuos, e que, a partir disso, os pacientes entenderam que a assistência vai muito além da quantidade de consultas e exames feitos, mas, sobretudo, a qualidade no atendimento desperta o desejo de uma rotina de saúde preventiva. “Nossa orientação é que o paciente procure a unidade até mesmo para as dúvidas mais simples e que isso seja sempre contínuo”, orientou.
Hermann Hoffman tem 38 anos e já contabiliza sete no Programa Mais Médicos. Natural de Aracaju, ele atua em Santa Luzia do Itanhy, sul sergipano, mas já trabalhou por seis anos no estado da Bahia. “Nesse novo edital estou numa comunidade rural de difícil acesso, que são cerca de 40 quilômetros de estrada de chão até a sede da cidade”, descreveu o médico, que se formou em Cuba, em 2013, e revalidou o diploma no Brasil, na Universidade Estadual do Maranhão (Uema). Assim como Lucas, Hermann é médico da família, com especialização em atenção básica e faz pós-graduação em saúde coletiva.
Importância
O trabalho conjunto entre Estado e Governo Federal está focado em contornar a escassez ou ausência de profissionais em áreas mais distantes, devido à falta de interesse dos profissionais em atuarem nesses locais, e investe na qualificação e formação, buscando resolver a questão emergencial do atendimento básico ao cidadão. Além disso, o Mais Médicos também cria condições para assegurar o atendimento qualificado no futuro para aqueles que acessam cotidianamente o Sistema Único de Saúde (SUS).
Sergipe já contabiliza 234 médicos do Programa de Provimentos do Ministério da Saúde (Programa Mais Médicos e Programa Médicos pelo Brasil), em 69 municípios. A informação é da Secretaria de Estado da Saúde, órgão do Governo do Estado que auxilia o Governo Federal na gerência das ações do projeto. Em junho passado, 310 profissionais disputaram as vagas abertas pelo Ministério da Saúde para atuar no estado. Somados os dois programas, o teto de vagas reservadas para Sergipe é de 261 profissionais.
Desde junho, o Estado já recebeu 48 novos médicos e a previsão é que cheguem mais profissionais ainda em setembro. Até o final do ano, além das 234 vagas já preenchidas, há a possibilidade da chegada de mais 114 profissionais, sendo 27 de reposição de vagas desocupadas do Mais Médicos, mais 87 pelo Programa Mais Médicos com Coparticipação, lançado em junho. As demais vagas do edital de coparticipação serão ocupadas posteriormente, a depender da necessidade.
Atualmente existem vários editais de chamamento público em andamento e em razão disso os dados de quantidade de profissionais são atualizados com muita frequência. “É um programa muito dinâmico! O tempo inteiro há atualizações dos dados, devido aos muitos editais publicados”, destacou a referência técnica para o Mais Médicos em Sergipe, Elisa Leite.
Como atua
A Secretaria de Estado da Saúde coordena, por intermédio da sua área técnica, a Comissão Estadual do Programa Mais Médicos (CCE), que tem como objetivo orientar, executar, monitorar e avaliar a execução das atividades do Projeto Mais Médicos no estado de Sergipe, de acordo com as normas legais e técnicas vigentes nos programas.
Também faz parte das funções da comissão a análise das situações do processo de trabalho dos profissionais nos municípios vinculados ao projeto, por meio do contato com gestores municipais, profissionais e população, além de emitir parecer sobre pedidos de remanejamento de profissionais.
Outro objetivo da SES perante o Mais Médicos é articular, quando necessário, com o Conselho Estadual de Saúde (CES), Comissão Intergestores Bipartite (CIB) e Comissão de Integração Ensino-Serviço (Cies), além de notificar médicos e/ou gestores participantes do Programa.
Inscrição
O Ministério da Saúde publica regularmente editais com relação de municípios elegíveis e quantidade de vagas para a convocação de profissionais. São editais nacionais e os médicos podem se inscrever de qualquer parte do Brasil para trabalhar em qualquer lugar do país. Também é permitida a inscrição de brasileiros formados no exterior, além de estrangeiros. Na convocação dos profissionais será sempre dada prioridade aos médicos com registro no Conselho Regional de Medicina, brasileiros ou revalidados, seguido de brasileiros formados no exterior e só depois os médicos estrangeiros.
Os editais do Mais Médicos aceitam inscrição de qualquer especialidade, porém aqueles que têm especialização em Saúde da Família ou similar têm pontuação superior. Como os editais são de abrangência nacional, há a possibilidade de Sergipe ter médicos de qualquer parte do país ou até mesmo de fora.